Acabou Chorare: Discos da Música Brasileira

Eu tinha 15 anos quando foi lançado Acabou chorare, segundo disco dos Novos Baianos. Um pouco antes, a presença de João Gilberto havia mudado a vida do grupo. E não é exagero dizer que os Novos Baianos mudaram a minha vida. Primeiro, porque Acabou chorare abriu meus olhos e ouvidos para a música brasileira; segundo, porque, três anos mais tarde, conhecê-los pessoalmente e conviver com o grupo por um certo período foram fatores decisivos para a minha opção profissional ligada à música. Apenas um ano antes de Acabou chorare, Paulinho Boca de Cantor dizia em entrevista ao Jornal do Brasil que, de música brasileira, os Novos Baianos só gostavam de Caetano, Gil e Luiz Gonzaga2. Não por acaso, É ferro na boneca (o primeiro LP, de 1969) é um disco que pode ser considerado de “pop-rock tropicalista”. Já o meu próprio cardápio de música brasileira, na época, era ainda mais reduzido: Caetano e Gil, somente. Interessava-me o rock de Beatles, Stones, Traffic, Neil Young, Clapton e The Who; o som progressivo de Yes, Pink Floyd, King Crimson e Genesis; e as fusões elétricas de Miles Davis, Herbie Hancock, Chick Corea, Frank Zappa e John McLaughlin.