Amsterdam
- Ian McEwan
- 115 Páginas
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Sinopse
Este romance de Ian McEwan desenvolve-se na fronteira entre o thriller, o suspense e o que se convencionou chamar de humor negro. Também pode ser visto como um instigante tratado sobre a amizade e a inexorável confrontação com a morte. A idéia da trama, segundo o próprio autor, surgiu de uma conversa com um psiquiatra amigo sobre as terríveis conseqüências do mal de Alzheimer. Se um deles fosse acometido pela doença, o outro seria amigo o suficiente para livrá-lo do fim humilhante, da demência progressiva? Mas não é um romance sobre eutanásia ou defesa de teses. Quem já leu um dos livros de McEwan sabe que sua opção é, preferencialmente, semear dúvidas e colher dilemas. Tudo começa no cenário macabro de um crematório londrino. O defunto é — ou melhor, foi — a bela, talentosa e sexualmente dadivosa Molly Lane. Entre os presentes, encontram-se vários ex-amores, como Clive Linley, famoso compositor de música erudita, Vernon Halliday, editor do jornal The Judge, Julian Garmony, chanceler e candidato a Primeiro Ministro, além de George Lane, o milionário viúvo. Eles são os personagens principais da história, embora o grande embate seja entre Clive e Vernon, grandes amigos que se comprometem mutuamente a ajudar o outro a morrer caso este fosse acometido por uma doença fatal e mentalmente degenerativa, como aconteceu a Molly. Esse não é o único questionamento que a perda da antiga amante traz para os dois. A possibilidade de a morte estar perto leva-os a enfrentar uma outra realidade: a decadência profissional. Clive não consegue terminar a Sinfonia do Milênio, espécie de coroação de sua obra. Vernon enfrenta a queda de circulação do jornal, sua razão de viver. Os acontecimentos das semanas seguintes vão precipitar mudanças cruciais na vida de todos. Clive refugia-se nas montanhas para tentar quebrar o bloqueio mental e terminar a sinfonia. Em uma caminhada, depara-se com uma violenta briga de um casal e decide ignorá-la para não distrair seu processo de criação. Sua omissão pode ter colaborado no resultado final: a mulher é assassinada. Vernon também tem sua ética testada. Ele precisa decidir se publica três fotos exclusivas nas quais um ministro aparece travestido de mulher e em poses sensuais. Seria correto? Mas essa publicação poderia salvar o jornal da falência... Ele decide publicar e se justifica: expor as fotografias seria também uma chance de terminar com a carreira de um político racista, direitista e inescrupuloso. As opções dos dois terão conseqüências desastrosas para ambos e, também, para a antiga grande amizade. Discussões, brigas, reconciliações fingidas e um final aterrador. Ao qual, mesmo que chocado, o leitor não vai deixar de brindar com, pelo menos, um leve sorriso. Um fecho digno do mais sofisticado humor (negro) britânico.