Arranhões Em um Coração de Vidro

Nunca me esqueço de quando ouvi Neil Gaiman dizer algo como: “É quando você sente que talvez esteja expondo demais da sua mente e coração, que talvez você esteja começando a encontrar o seu caminho”. É assim que eu me sinto com esta obra. Mesmo sendo uma antologia curta, cada conto que escolhi toca profundamente o meu coração. Organizei a sua ordem com o objetivo de parecer uma progressão através de um único relacionamento, mas a realidade é que cada conto envolve pessoas e tempos específicos. Ao revisar esses textos, me senti garimpando um passado que não era mais meu, descobri sentimentos e angústias que não me pertencem mais, mas com os quais muito me identifiquei. Da mesma forma, espero que você também enxergue, nesses momentos congelados no tempo, um pouco dos seus próprios sentimentos esquecidos. E quanto ao título, primeiro pensei em chama-lo de Pathos, a identificação emocional, porque é isso que a obra evoca de mim. Mas acabei escolhendo Arranhões em um Coração de Vidro porque acredito que você não pode experimentar as melhores sensações se revestir o seu coração com aço. Ao mesmo tempo, um coração tão frágil vai sempre experimentar as piores dores, o vidro terá cada vez mais arranhões. De um homem ainda de coração de vidro, desejo para você a melhor das leituras.