Bucólica
- A. E. Van Vogt
- 14 Páginas
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Sinopse
Banhando-se na luz brilhante de um sol longínquo, a Floresta vivia e respirava. Captava a presença daquela nave que acabava de aparecer, depois de ter atravessado as bru-mas leves da alta atmosfera. Entretanto, sua hostilidade sis-temática para com aquela coisa estranha, não veio acompa-nhada de alarma imediato.
Sobre dezenas de milhares de quilômetros quadrados, suas raízes entrelaçavam-se subterrâneamente, e as frondes de suas árvores inumeráveis balançavam-se, displicentemen-te, sob as carícias múltiplas de uma brisa indolente. Acolá, estendendo-se sobre colinas e montanhas, e ao longo de um mar quase interminável, levantavam-se outras florestas, todas tão vastas e poderosas quanto ela própria.
Tão longe quanto sua memória alcançava, a Floresta recordava-se de ter resguardado o solo contra uma ameaça um tanto ininteligível. Agora, a natureza daquela ameaça co-meçava a aparecer-lhe. Provinha de naves análogas àquela que presentemente descia do céu. A Floresta não conseguia 3
recordar-se claramente de que maneira, no passado, tinha conseguido assegurar sua defesa, mas lembrava-se com bas-tante clareza de que precisara lutar.
À proporção que ela se tornava mais consciente da aproximação da nave, correndo acima dela num céu cinza-avermelhado, suas folhas murmuraram umas para as outras a narrativa sem data de batalhas feridas e ganhas. Pensamentos, em seu curso lento, espalhavam-se ao longo dos canais sensórios, e os galhos mestres de milhares de árvores começaram a tremer, quase imperceptivelmente. A extensão daquele frêmito, propagando-se depressa para todas as árvores, criou gradualmente um som, depois uma sensação tensa. De início, aquilo foi quase insensível, tal brisa ociosa através de um vale verdejante, mas depressa adquiriu am-plitude, e cresceu em substância. O som fêz-se invasor, e a Floresta toda ergueu-se, vibrante de hostilidade, espreitando a chegada daquela máquina que vinha pelo céu.