Como Enfrentar a Direita No Brasil

Muitas vezes, observo, com a experiência dos anos os subúrbios do Rio de Janeiro, as favelas da zona sul da cidade, os ônibus lotados, as crianças vendendo balas nos sinais, os moradores de rua ou homens e mulheres exaustos ao fim do dia de trabalho voltando para as suas casas. Eu também passei a ter outra visão do interior com seus camponeses muitas vezes empobrecidos, com uma população trabalhadora e religiosa que vive nas pequenas cidades uma geração após a outra. Ou do nordestino de bicicleta com quem cruzei nas estradas de Alagoas e Pernambuco, em meio a canaviais. Ou dos trabalhadores da Bahia e da Paraíba trabalhando debaixo de sol para vender alguma coisa aos frequentadores de praias tão bonitas. E poderia citar outras andanças pelo interior de Minas, Rio Grande do Norte e vai por aí. O que sempre me pergunto é que tipo de apoio esse trabalhador recebe do Estado brasileiro? Como podemos chegar ao século XXI com padrões baixos de educação, sem acesso universal à saúde, com crianças ou idosos se deslocando 20, 30 ou 40 quilômetros em busca de uma escola ou um hospital? E as relações trabalhistas? Como cruzar ainda com caminhões de boias-frias que vão tentar ganhar algum dinheiro nos canaviais nordestinos ou nos cafezais de Minas Gerais? Como encarar a precarização acentuada nas grandes e médias cidades?