Depois Que Te Amei

Todos vendem o casamento como o maior ato na vida de uma mulher. Quando dizem que sentiremos como se o mundo finalmente fosse entrar nos eixos e todo o universo se tornará colorido. Entretanto, são metáforas antiquadas e ideias arcaicas. Patéticas para ser mais exata. Como agora, enquanto caminho em direção ao altar da catedral de St. Patrick. Não há minha mãe chorando, nem meu pai ao meu lado. Na verdade, nem mesmo o meu irmão, que é o meu melhor amigo, se dignou a comparecer a esse casamento. Acho que uma parte dele sabia que eu não estava apaixonada quando aceitei, que não amo o homem que sorri para mim, ao lado dos seus amigos que me odeiam. Dou um passo à frente. Todos parecem mais felizes do que é possível, mas não consigo retribuir, mesmo que falsamente. Virando meu rosto, meu olhar se fixa na lateral da igreja e lá está ele. Detestável. Implacável. Arrogante. Ele leva a mão até o queixo, passando o polegar pela sua pele, e a memória do que aconteceu na sacristia, momentos antes, reverbera em minha mente. A forma como seu olhar queimou cada átomo do meu corpo e me deixou prestes a incendiar me faz engolir em seco. Dominic Allister. Meu antigo adversário. Meu nêmesis. Meu desejo proibido. Ele me conheceu quando éramos adolescentes e me odiou quando comecei a namorar um dos seus colegas de time. Desde então, deixou claro a sua aversão por mim sempre que pode. Palavras hostis. Olhares enojados. Sempre houve algo. Dominic sempre esteve lá. Mas ele não deveria estar aqui. Não deveria estragar esse momento, não quando ele sabe o que realmente desejo, não quando o encaro e percebo que talvez eu esteja cometendo um erro.