Havana Storm

O suor escorria pelo rosto do homem exausto, caindo em gotas pesadas sobre suas bochechas com a barba por fazer. Puxando um par de grossos remos de madeira em direção ao peito, ele inclinou a cabeça e esfregou a manga suja na testa. Ele ignorou a dor em seus membros e retomou um golpe lento, mas constante. O esforço por si só não explicava a sua transpiração, nem o clima tropical abafado. O sol mal havia saído do horizonte e o ar parado que pairava sobre o porto de Havana estava fresco e úmido. Foi a tensão da perseguição que manteve seu pulso acelerado. Com os olhos vazios, ele olhou para o outro lado da água, gesticulando com a cabeça para o homem atrás dele no barco. Já tinham passado quase duas semanas desde que a milícia espanhola tentou pela primeira vez apropriar-se da sua descoberta, forçando-o a fugir. Três de seus companheiros já haviam morrido defendendo a relíquia. Os espanhóis não tiveram escrúpulos em matar e iriam mata-lo de bom grado para conseguir o que queriam. Ele já teria sido morto, se não fosse por um encontro casual com um bando desorganizado de rebeldes cubanos armados, que lhe proporcionou passagem segura para os arredores de Havana.