Minicérebros

O helicóptero voava muito baixo e por uma de suas portas, aberta para dentro, debruçavam-se dois homens, revólver na mão, atirando contra a sombra velocíssima que deslizava pelo solo, a menos de oito metros do aparelho. Não se ouviam os tiros das armas silenciosas, mas viam-se os clarões avermelhados na escuridão. Mais além, o brilho da lua sobre o mar, que lançava suas ondas contra a costa rochosa. Parecia impossível, mas nem um só dos projéteis alcançava a sombra fugitiva. Uma sombra elegante, esbelta.. Uma negra sombra agilíssima, que corria, saltava, atirava-se ao chão, rolava sobre si mesma... Como um assombroso gato inatingível, que efetivamente tivesse sete vidas, a sombra efetuava a todo instante o movimento exato que a punha fora do alcance das balas. Não porque corresse mais que estas, naturalmente, mas porque variava a direção de sua marcha de tal modo que o piloto do helicóptero não conseguia acompanhá-la; e tão continuamente, que ele já não sabia se voava para a costa, terra adentro, alto ou baixo, para leste ou para oeste. Crispando o rosto suarento, arregalando olhos brilhantes de fúria, ele não cessava de praguejar, em francês. Sobretudo quando o homem gordo, toucado com um fez vermelho, dava-lhe indicações em voz áspera, que demonstravam descontentamento com relação à sua perícia.