Morte Fotográfica

Algumas peripécias no aeroporto internacional do Cairo O avião da “Alitalia” aterrissou sem novidade na pista designada pela torre de controle do aeroporto internacional do Cairo. Também sem novidade, os passageiros do vôo de Roma desceram do aparelho, passaram pela Alfândega e, com exceção de dois que se quiseram fazer de espertos trazendo insignificantes contrabandos, foram admitidos em território egípcio. No total, vinte e quatro passageiros, todos eles procedentes da capital Italiana. Passageiros de todas as classes e idades: crianças européias, dois velhotes egípcios, três jovens casais romanos, três ingleses sérios e secos como pedras, alguns norte-americanos. Não podiam faltar os americanos. Diz-se que em todo objeto em movimento no mundo pode-se encontrar, pelo menos, um cidadão dos Estados Unidos e, pelo menos naquele caso, era certo. O homem de olhar penetrante, ombros largos, mãos grandes e gravata demasiado colorida, inclusive para um clima pouco menos que tropical, tinha que ser americano. Usava óculos de sol, não parecia ter-se dado o trabalho de carregar bagagem e devia ser um bocado alegre, pois trazia na mão um exemplar da revista “Playboy”, ou seja, essa em que saem garotas sem roupa, historietas picantes, pequenos artigos de humor sexual e, nas duas páginas do centro, a miss do mês, que geralmente é a menos vestida da revista.